O perfil biográfico de Oswaldo Cruz oferece informações que privilegiam sua trajetória profissional na direção da saúde pública (1903-1909), onde liderou as campanhas sanitárias na capital federal, e na direção do Instituto Oswaldo Cruz, que assumiu em finais de 1902, permanecendo no cargo até 1916, quando se licenciou e se mudou para Petrópolis. Contempla ainda diferentes aspectos da vida privada, reveladores de sentimentos e comportamentos pouco visíveis na trajetória de um homem público, como o afeto e a dedicação aos filhos e à mulher, mas também das experiências prosaicas do cotidiano, como a preocupação com a administração do orçamento familiar, meticulosamente registrado, ano a ano, em um livro sugestivamente intitulado Livro da Verdade. Uma lacuna no arquivo pessoal é digna de nota: a ausência de vestígios a respeito da doença incurável com a qual conviveu nos últimos dez anos de vida, e que causaria sua morte por nefrite aos 44 anos. Mas é possível imaginar as repercussões de tão dramática e comovente experiência entre os familiares e o círculo de amigos, bem como no grupo de profissionais que liderava em Manguinhos.