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Catálogo do XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia. Berlim, 1907

Durante os anos em que Oswaldo Cruz esteve à frente do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a instituição afirmou-se como principal centro de pesquisas da América Latina dedicado ao estudo das doenças tropicais. No plano internacional, dois eventos de grande relevância tiveram papel de destaque no reconhecimento de seus trabalhos. As exposições internacionais de Higiene de Berlim e de Dresden, ambas realizadas na Alemanha, não só ajudaram a divulgar seu nome nos meios médicos e científicos mais avançados do mundo. Mais do que isso, elas serviram como testemunha de um dos períodos mais reluzentes da ciência e da saúde pública brasileiras.

Organizada em 1907, durante o XVI Congresso Internacional de Higiene e Demografia, a mostra brasileira na exposição de Berlim resultou do sucesso da campanha liderada por Oswaldo Cruz contra a febre amarela no Rio de Janeiro, bem como dos vínculos estabelecidos pelo cientista Henrique da Rocha Lima, um dos principais colaboradores de Oswaldo, com os institutos alemães de medicina tropical.

Oswaldo preparou para a exposição uma pequena amostra dos soros e vacinas produzidos nos laboratórios do Instituto. Levou também exemplares e desenhos de insetos transmissores de doenças e até peças anatomopatológicas com lesões de doentes de febre amarela e de peste bubônica, além de fotos e maquetes das novas instalações do Instituto projetadas pelo arquiteto Luiz Moraes Júnior. O material, especialmente os objetos relativos às doenças tropicais, causou forte impressão entre os presentes. À delegação brasileira foi concedida a medalha de ouro, o primeiro prêmio do Congresso. A notícia da premiação foi recebida com grande entusiasmo no Brasil.

Quatro anos depois, em 1911, uma nova exposição, dessa vez na cidade de Dresden, revelou para o resto do mundo um dos feitos mais notáveis da ciência produzida no IOC. O Brasil foi o único país das Américas a ter um estande próprio no evento, e as peças sobre a descoberta da doença de Chagas tiveram grande repercussão. Oswaldo Cruz aproveitou a oportunidade para reproduzir, em pequenos filmes cinematográficos, cenas da campanha contra a febre amarela no Rio de Janeiro e imagens de Carlos Chagas em Lassance, cidade mineira onde o cientista identificara, em 1909, a doença que hoje leva o seu nome. Esses são, talvez, os mais antigos filmes científicos já realizados no Brasil.

Além do reconhecimento por seu trabalho como diretor do IOC, Oswaldo deixaria também o seu nome marcado por ter sido um dos pioneiros na utilização do cinema como meio de divulgação das ações empreendidas pela ciência brasileira.