A Correspondência Científica de Oswaldo Cruz acompanha boa parte de sua trajetória profissional de 1899 até 1916, e é também representativa da rede de relações que estabeleceu com cientistas brasileiros e estrangeiros, principalmente com os mestres com quem estudou em Paris. Os primeiros registros desta coleção referem-se ao período em que esteve em Santos ajudando a combater o surto de peste bubônica que atingira o porto paulista e ameaçava chegar ao do Rio de Janeiro. A amizade que estabeleceu com Vital Brazil nessa ocasião resultou em uma troca de cartas que, enquanto revela o difícil processo de criação dos institutos soroterápicos de Butantan (em São Paulo) e federal (no Rio de Janeiro), evidencia as controvérsias científicas em torno dos processos de fabricação do soro antipestoso, a utilização do soro de Messina e da vacina de Haffkine, modificados por Camilo Terni.
No início de sua atuação à frente da Diretoria Geral de Saúde Pública, quando lidava com outra controvérsia a respeito das formas de profilaxia e de transmissão e combate da febre amarela, Oswaldo Cruz estabeleceu intensa comunicação com os cientistas franceses da Missão Pasteur, A. Tourreli Salimbeni, Paul Louis-Simond e Émile Marchoux. Ao fim de três anos de permanência no Brasil (1901-1904), eles elaboraram um minucioso relatório no qual confirmavam a teoria de transmissão da febre amarela pelo mosquito Stegomya fasciata e preconizavam a profilaxia por meio do combate às larvas e aos focos do inseto.