Músicas
Tema: Combate à Febre Amarela
Espere um pouco, eu vou à Cuba
Letra: Cullicídeo Exogeno
Música: Stegomyia Faciata
Embora moço já sou um sábio
Muito talento em mim se incuba
Hei de mostrar p’ra quanto presto
Espere um pouco eu vou à Cuba
Desta cidade tão mal falada
Eu quero já... que o nome suba
Vou saneá-la matar a febre
Espere um pouco eu vou à Cuba
Embora moco, eu sou sabido,
Muito talento em mim se incuba,
Os livros todos tenho lido...
Espere um pouco... eu vou a Cuba
Desta cidade malfadada
Quero que o nome cresça e suba,
Sem febres, vai ficar amada;
Espere um pouco... eu vou a Cuba
Quando estiver saneada e limpa
Há de ostentar, airosa, a juba,
E levantar bem alto a grimpa;
Espere um pouco... eu vou a Cuba
Verão meu nome celebrado,
Por mim soar da fama a tuba,
E até então, ó povo amado,
Espere um pouco... eu vou a Cuba
Parto, mas quero à minha volta
Palmas ganhar... de carnaúba,
Ter de micróbios uma escolta,
Ao meu regresso lá de Cuba
Ser em triunfo recebido
Entre ovações que o gênio aduba;
Mostra-te, povo, agradecido,
Quando eu regresse ali... de Cuba
Tema: Campanha contra a Peste
Rato rato
Autor: Casemiro da Rocha
Intérprete: Ademilde Fonseca
Ano: 1904
Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
A polca "Rato, rato" é de autoria de Casemiro da Rocha e foi sucesso no carnaval de 1904. A inspiração foi o pregão dos vendedores de ratos, durante a campanha de Oswaldo Cruz contra a peste bubônica. A música foi gravada pelo autor na Casa Edison. Posteriormente ganhou letra de Claudino Costa.
Rato, rato, rato
Porque motivo tu roeste meu baú?
Rato, rato, rato,
Audacioso e malfazejo gabiru.
Rato, rato, rato,
Eu hei de ver ainda o teu dia final
A ratoeira te persiga e consiga
Satisfazer meu ideal.
Quem te inventou?
Foi o diabo, não foi outro, podes crer
Quem te gerou?
Foi uma sogra pouco antes de morrer!
Quem te criou?
Foi a vingança, penso eu,
Rato, rato, rato, rato,
Emissário do judeu.
Quando a ratoeira te pegar,
Monstro covarde, não me venhas,
A gritar, por favor.
Rato velho, descarado, roedor
Rato velho, como tu faz horror!
Nada valerá o teu cui cui
Tu morrerás e não terá quem chore por ti
Vou provar-te que sou mau,
Meu tostão é garantido,
Não te solto nem a pau...
Tema: Luta contra a Varíola
A vacina obrigatória
Autor desconhecido
Fonte: memoria da Pharmacia
Disco Emi/Odeon, Roche
Anda o povo acelerado
Com horror à palmatoria
Por causa dessa lambança
Da vacina obrigatória
Os panatas da sabença
Estão teimando dessa vez
Querem meter o ferro a pulso
Bem no braço do freguês
E os doutores da higiene
Vão deitando logo a mão
Sem saberem se o sujeito
Quer levar o ferro ou não
Seja moço ou seja velho
Ou mulatinha que tem visgo
Homem sério, tudo, tudo,
Leva ferro que é servido
Bem no braço do Zé Povo
Chega o tipo e logo vai
Enfiando aquele troço
A lançeta e tudo mais
Mas a lei manda que o povo
E o coitado do freguês
Vá gemendo na vacina
Ou então vá pro xadrez
E os doutores da higiene
Vão deitando logo a mão
Sem saberem se o sujeito
Quer levar o ferro ou não
Seja moço ou seja velho
Ou mulatinha que tem visgo
Homem sério, tudo, tudo,
Leva ferro que é servido
Contam um caso sucedido
Que o negócio tudo logra
O doutor foi lá em casa
Vacinar a minha sogra
A velha como uma bicha
Teve um riso contrafeito
E peitou com o doutor
Bem na cara do sujeito
E quando o ferro foi entrando
Fez a velha uma careta
Teve mesmo um chilique
Eu vi a coisa preta
Mas eu disse pro doutor:
Vá furando até o cabo
Que a senhora minha sogra
É levada dos diabos
Tem um casal de namorados
Que eu conheço a triste sina
Houve forte rebuliço
Só por causa da vacina
A moça que era inocente
E um pouquinho adiantada
Quando foi para pretoria
Já estava vacinada
Eu não vou nesse arrastão
Sem fazer o meu barulho
Os doutores da ciência
Terão mesmo que ir no embrulho
Não embarco na canoa
Que a vacina me persegue
Vão meter ferro no boi
Ou no diabo que os carregue
Tema: Doença e morte
À Oswaldo Cruz
Versos: Osório Duque-Estrada
Música: Alberto Nepomuceno
É a glória que este canto te anuncia:
Alma de eleito, heróe do Bem que encerra
Quanto ha de claridade e de esplendor,
Gloria eterna terás, pois foste um dia
A Providencia viva desta terra
Que hoje te eleva um cântico de amor!
Vida fecunda, bela e gloriosa,
Foi só de luz o teu apostolado!
Soffrego andaste em busca da verdade,
E, ao serviço da sciencia generosa,
Pugnaste sempre, luctador ousado,
Em bem da Patria, em prol da Humanidade!
Modesto e bom, luctando contra a Morte,
Num recesso que encheu de luz estranha
E do sussurro de um remigio forte,
Foi-se abrigar teu genio extraordinário,
Como a aguia que na crypta da montanha
Busca esconder o pouso solitario...
De lá semeaste o Bem e as esperanças,
Luctaste contra o Mal, guardaste a vida
Dos velhos, das mulheres, das crianças
E da Patria, que, em fervida homenagem,
Curvo o joelho, terna e agradecida,
Vem se prostar diante da tua imagem!
Qual nume tutelar, vivo e presente,
Que inda de longe nos estende a mão,
Sempre amado serás da nossa gente;
Vive teu nome em nosso coração,
E no futuro, como no presente,
Nosso amigo serás e nosso irmão!
Viverás. Viverás, porque estas flores
Que hoje vêm perfumar a tua gloria,
E estas vozes, cantando os teus louvores,
Flores e canto immortal saudade
São já, por certo, as palmas da victoria
E são as bençãos da Posteridade!